25 de jun. de 2011


            "Quando fecho meus ouvidos sinto o ar invadir meu corpo.
            Quando fecho meus olhos sinto perder meus limites.
            Quando fecho minha boca, sinto a saliva retornar a garganta e minha língua estralar.
            Quando fecho meu nariz, sinto a maior vontade de continuar viva...
            Abandonar a vida não é a solução para nada. O problema não está em você, já a solução sim".

24 de jun. de 2011

Mãos



     
     Quando eu cursava o casulo, no parquinho da minha escola tinha uma casinha de tijolos e cimento com um telhado muito precário, estrategicamente longe dos escorregos e balanços. Todos os dias a gente brincava de “casinha” com direito a marido e mulher.
     Quando eu comecei a cursar as primeiras séries do ensino fundamental me divertia aprendendo a escrever a palavra MACACO, minha palavra preferida. Nos Sãos Joãos desses anos me revoltava porque não queria dançar com alguns “fulanos e cicranos de taos” E minha professora insistia em me socializar com eles.
      Os anos se passaram e tornei-me mais inteligente academicamente se referindo. Comprei um caderno do grande. Abandonei a bolsa da Barbie. Comecei a usar mochila, com o mesmo cheiro de chiclete que me fascina. Fui expulsa da aula de história. Fui ameaçada porque ria muito pelos corredores, condenada a ser espancada na frente da cantina. Fui alvo de tantas bolas de matadas, fui alvo de tanta matança.
     Aprendi a jogar, a ter força, a ter voz alta. Aprendi a falar em códigos, a rir de quem me ameaçava. Quase aprendi a nadar.
     Um ano depois aprendi a tentar ser inteligente e a continuar tentando. Tornei-me mais animada, mais boba, mais infantil, mais madura. Gostei de ouvir. Sempre gostei de falar.
     Hoje gostei de ter vivenciado tudo isso. Mas não vivencio mais. O que vivo não merece ser relatado em letras georgia 12. O que eu vivo não é digno de ser mencionado.  O que não é digno de ser dito é abafado e eu tenho medo de ser sufocada. Não sufocada por amores, por indecisão, nada ligado a isso. Sufocada pela minha fraqueza de ter medo de lutar pela minha felicidade.
     Sufocada pela paralisia de minhas próprias mãos.

23 de jun. de 2011


CAFÉ COM LEITE
Juro aos meus ouvidos,
Minhas mãos erguidas manter.
Testemunho com a boca,
A boca celada ficar,
O coração aberto escancarar,
Os olhos atentos brilhar.
Tentarei cumprir.
Tentarei com minha vida.
Tentarei com minha vida viver.

14 de jun. de 2011

"Mas essa história vai ter um final feliz.
Sabe porque?..."
















Sem volta
Decolei na intercessão incerta,
Degolei minha existência.

Esperarei que sua bússola,
Mostre à hora certa.
A sua hora de ver nos ponteiros mais que números,
Oportunidades de sorrir mesmo no quinto.

Minha força está empalhada no teu olhar,
E o seu olhar...
Paralelo ao meu coração,
Seu olhar nunca me cruzará.
                                                                                                                     Maio de 2010

4 de jun. de 2011


Detento atento tenta ter ar
Que as lágrimas caiam.
Caiam as máscaras.
Mascarem suas feições.
Feias feições.
Feições feitas.
Feitas do mais n(p)obre material.
Feitas de mentiras.
Feitas de inveja.
Desejo que suas lágrimas morram.
Mas não cabe a eu assassina-las.
Perdoe-me, esse crime não posso cometer.
Desse crime já pago sentença.
Que seu sorriso mesmo de luto apareça.
Quero está bem livre para te ver.

Hoje a madrugada está proporcionando o clima adequado para uma entrega inteira aos meus devaneios, aos meus cadernos e as minhas cifras....