RETALHOS
DE MIM
Chegando junto das minhas esperanças
passadas, sentada sobre minhas frustações, penso nas situações que enfrentei e
em cada arrepio gerado ao tomar decisões, ao domar vontades e ao doar novas
oportunidades.
Ao nascer de todos os dias eu prometia a
porta aberta manter, o olhar distante sustentar e a voz no silêncio costurar,
mas ao mesmo tempo nada prometia ao meu coração. Este órgão vital, ao contrário
de mim acompanhado e à margem, ficou sem previsões de um futuro ao qual estou
confinada. A confusão dos teus medos e de tuas promessas confortava-o ao ponto
de desperta-lo ao sentir teu cheiro. A mudança de plantão gera mais que dúvida,
deixa minha vida paralisada e minhas certezas misturadas.
Nessa rotina, eu não sabia mais o que
moldava meus princípios e o que alinhava minha opinião. Por que em mim há essa
insistência de querer analisar todas as orações, toda coesão, regência e
interpretação para obter a força necessária de colocar um ponto final nessa
situação? Minha história tem mais fim que começo. Em mim há mais de você do que
alguém possa imaginar, pelos menos era assim que eu pensava.
Como você pode ver eu não sorrio com o
coração, apenas com os lábios, lábios estes que um dia foram seus. Não te vejo
com tanta frequência quanto outrora e quando vejo, não reconheço. Ao te avistar
a saudade vem logo me cegando e adormeço nos meus sonhos antes que você se
aproxime e me acorde para encarar a realidade vivida –separadamente- por nós
agora.
E eu que pensava nunca vir a conseguir
viver sem você. Eu, mil vezes humilhada em busca de um carinho que só agora
percebo há muito tempo ter deixado de ser meu. Talvez não seja o amor que
cegue, talvez sejamos nós mesmos que nos deixemos cegar.
Quem sabe eu já não enxergue as coisas da
mesma forma. É fato que o tempo passou e eu me reconstruí. Aquele coração
quebrado agora está cicatrizado. Passei a enxergar o que eu julgava ser seu
amor não mais uma prioridade, mas uma daquelas coisas que a gente coloca dentro
daquela caixinha que guardamos na última gaveta do guarda roupa e que a gente
nem abre, atrás de todas as outras coisas.
A verdade é que “com a coragem que a
distância dá fica mais fácil” (HG).
Texto feito em parceria com minha queria
amiga Mislainy Mayana (http://pensamentosinuteiis.blogspot.com)